O percurso é intensamente marcado pela presença dos campos de arroz, elementos que moldam a paisagem e o contexto social de toda a região desde meados do século XIX. Esta transformação operou-se na tradicional base económica, até então suportada na agropastorícia (cultura do milho e criação de gado em regime de compáscuo), e incorporou-se na identidade cultural local, expressa na gastronomia, no folclore e na etnografia.
Acresce à notoriedade rural do percurso a avifauna típica das zonas húmidas, e um acervo patrimonial e arqueológico muito particular, com destaque especial para o Paço de Maiorca e o Sítio Arqueológico Classificado dos Montes de Santa Olaia e Ferrestelo.
Sugere-se iniciar o percurso junto do Paço de Maiorca, edifício do século XVIII, classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1977. Esta antiga propriedade dos Viscondes de Maiorca é atualmente propriedade do Município da Figueira da Foz. A partir daí, segue-se em direção ao Parque da Feira, por ruelas da povoação de Maiorca.
Após passar pelo Parque da Feira, pode-se apreciar um moinho de vento e um pequeno lago. O percurso continua pelos arrozais em direção ao Monte de Ferrestelo, passando pela emblemática Ponte dos Arcos. Chegados ao Monte, merece uma visita atenta o Castro de Santa Olaia, joia do património arqueológico, classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1954, onde foram identificados vestígios de povoados do Neolítico, da Idade do Ferro, dos Romanos e da época Medieval. Ainda neste outeiro, encontra-se a Capela de Santa Olaia, com vista privilegiada para os campos de arroz do vale do Mondego.
Seguindo o percurso, cruza-se mais adiante a Ponte das Cinco Portas, que fez parte do sistema hidráulico do Rio de Foja e controlava, através de cinco comportas, a entrada das águas nos campos, servindo igualmente como passagem para a outra margem.
Ao longo do percurso, que ladeia os diques e as valas de irrigação dos campos de arroz, é possível avistar diversas espécies de aves nas suas margens ou no meio das parcelas. Entre elas, destacam-se o tartaranhão-ruivo-dos-pauis, a garça-real, a garça-boieira e a cegonha-branca, que em alguns casos se alimentam do lagostim-vermelho, uma espécie exótica invasora. De mais difícil observação é a lontra, embora os indícios da sua presença sejam relativamente frequentes.
A flora é caracterizada por espécies ripícolas que formam galerias junto às linhas de água, como salgueiros, choupos, amieiros, freixos e sanguinhos-de-água. Nas valas de irrigação que ladeiam os arrozais, são características a tabúa, o lírio-amarelo-dos-pântanos, o caniço e o junco, entre outras espécies.